MUTAÇÕES GENÉTICAS BRCA
MUTAÇÕES BRCA
Os genes
Os genes são segmentos do código de ADN que herdamos dos nossos progenitores. Cada um de nós possui duas cópias de cada gene – uma cópia é herdada da nossa mãe e outra do nosso pai. No total, temos aproximadamente 20.000 genes, cada um com uma função específica, que fazem com que o nosso organismo se desenvolva e funcione normalmente.(1)
Os genes BRCA
Ou seja, não são as mutações genéticas nos genes BRCA1/2 que provocam o cancro, mas sim a acumulação de danos no ADN não reparados nas células, fazendo com que uma célula normal se transforme numa célula tumoral.(1)

Quem pode apresentar uma mutação nos genes BRCA?
Apenas uma pequena percentagem de pessoas (aproximadamente 1 em 400, ou 0,25% da população) apresentam mutação nos genes BRCA1 ou BRCA2.(2)

Uma grande percentagem dos cancros da mama e do ovário é de ocorrência esporádica, resultantes de mutações somáticas e não hereditárias (ocorrem no nosso ADN, apenas no tecido onde se origina o cancro).(3)
Mutações hereditárias nos genes BRCA:
Cada um de nós possui duas cópias de cada gene – uma cópia é herdada da nossa mãe e outra do nosso pai.(1) Quando se herda uma cópia alterada do gene BRCA de um dos nossos progenitores, a mutação está presente em todas as células, o que nos torna mais suscetível (probabilidade superior à esperada na população em geral) de desenvolver cancro numa idade mais precoce, e a ter mais do que um cancro (ex. cancro da mama bilateral).(3)
Esta transmissão ocorre de geração em geração na linha germinativa, de forma autossómica dominante ou seja, com uma probabilidade de 50% de transmitir a mutação familiar à descendência.(3)
Referências:
(1) The Royal Marsden NHS Foundation Trust. A beginner’s guide to BRCA1 and BRCA2. [Guia para Iniciante sobre BRCA1 e BRCA2]
https://www.royalmarsden.nhs.uk/sites/default/files/files_trust/beginners-guide-to-brca1-and-brca2.PDF. Consultado em abril de 2021.
(2) National Breast Cancer Foundation Inc. Disponível em https://www.nationalbreastcancer.org/what-is-brca. Consultado em abril de 2021.
(3) – Guia as mutações BRCA e o cancro, News Engage, 2019 – Capítulo “A predisposição genética” – Da autoria Dra Juliette Dupont)
(4) Cancro na família – Transmissão. Disponível em: https://www.cancronafamilia.org/pt/cancer-biology/heredity/transmission-hereditary-mutations/. Consultado em abril de 2021.
PT-9163 aprovado em maio de 2021
Escolha o seu caso:

Em indivíduos saudáveis, com probabilidade de mutação BRCA1/BRCA2 superior ou igual 10%, poderá ser considerada a realização do estudo genético completo, na ausência de familiar afetado disponível para estudo, sendo necessário discutir previamente as limitações na interpretação dos resultados.(1)
Em mulheres saudáveis portadoras de mutações nos genes BRCA as medidas de vigilância são diferentes e iniciam-se em idade mais precoce do que na população em geral. Existem várias opções de vigilância/redução de risco disponíveis, que devem ser equacionadas individualmente e após esclarecimento adequado sobre as suas vantagens, limitações e riscos. Estas opções incluem: vigilância clínica e imagiológica com mamografia e RM mamária, cirurgias de redução de risco (mastectomia bilateral, ooforossalpingectomia bilateral profiláticas).(1)
No caso do cancro do ovário a vigilância clínica e imagiológica não é eficaz na identificação precoce, pelo que a cirurgia de redução de risco é a única medida eficaz recomendada, existindo recomendações sobre a idade a partir da qual deve ser ponderada, que deverão ser discutidas individualmente.(1)
Para os homens com mutação genética BRCA, a vigilância é a melhor forma de redução do risco. No caso do cancro da próstata, isso inclui a realização de exame regular à próstata, assim como a medição dos níveis séricos do antigénio específico da próstata (PSA), uma vez por ano a partir dos 40 anos.(4)
Para o cancro do pâncreas, a redução do risco passa pela redução de fatores de risco. Nesse sentido, é importante manter uma alimentação equilibrada e atividade física regular, evitando o consumo de alimentos processados, carnes vermelhas e, ainda, o consumo de tabaco e bebidas alcoólicas.(4,5)
Fale com o seu médico para saber mais informações. A Associação EVITA dedica-se a este tema. Saiba mais aqui.
Referências:
(1) Guia as mutações BRCA e o cancro, News Engage, 2019 – Capítulo “A predisposição genética” – da autoria Dra. Juliette Dupont.
(2) The Royal Marsden NHS Foundation Trust. A beginner’s guide to BRCA1 and BRCA2. [Guia para Iniciante sobre BRCA1 e BRCA2]
https://www.royalmarsden.nhs.uk/sites/default/files/files_trust/beginners-guide-to-brca1-and-brca2.PDF – Último acesso: abril de 2021
(3) NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology – Genetics/Familial High-Risk Assessment: Breast and Ovarian V.2.2021 consultado em abril 2021
(4) Helen Diller Family Comprehensive Cancer Center. BRCA1 Mutation Positive Guidelines (NCCN, 2018). Disponível em https://brca.ucsf.edu/sites/brca.ucsf.edu/files/BRCA1-guidelines2018.pdf Acedido a 5/02/2020
(5) American Cancer Society – Can Pancreatic Cancer Be Prevented? – Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/pancreatic-cancer/causes-risks-prevention/prevention.html. Acedido a 09/03/2021)
PT-9163 aprovado em maio de 2021
O estudo molecular dos genes BRCA1 e BRCA2 em sangue periférico e/ou tumor, está indicado em indivíduos com antecedentes pessoais de:(1)
No caso do cancro do ovário, é recomendado o estudo completo dos genes BRCA1 e BRCA2, no sangue periférico e/ou no tumor, idealmente através de uma abordagem mista: pesquisa de mutação no tumor, complementada de pesquisa por grandes rearranjos e Mutação Fundadora Portuguesa do gene BRCA2, no sangue periférico, permitindo deteção simultânea de mutações germinativas e somáticas.(1)

Conforme o tipo de cancro, os critérios delineados para pesquisa de mutação BRCA 1/2 são:
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a) Diagnóstico em idade ≤ 45 anos; (2)
b) Diagnóstico entre os 46 e 50 anos: com história familiar limitada ou desconhecida, ocorrência de segundo diagnóstico de cancro da mama em qualquer idade, ou presença de um ou mais familiares com cancro da mama, ovário, pâncreas ou próstata, e diagnóstico a qualquer idade; (2)
c) Diagnóstico, em idade inferior ou igual aos 60 anos, de cancro da mama triplo-negativo; (2)
d) Diagnóstico a qualquer idade: com ascendência de judeus asquenazes, presença de um ou mais familiares com cancro da mama (≤50 anos) ou cancro do ovário, pâncreas, ou próstata (metastático, com histologia intraductal/cribriforme, ou de risco alto/muito alto), em qualquer idade;(2)
e) Diagnóstico de cancro da mama, no homem, em qualquer idade.(2)
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Referências dos critérios para teste:
(1) Cancro Ginecológico – Consensos Nacionais 2020. Sociedade Portuguesa de Ginecologia. Consultado a 01.09.2020
(2) NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology (NCCN Guidelines®) for Genetic/Familial High-Risk Assessment: Breast, Ovarian and Pancreatic V.2.2021

Referências:
(1) The Royal Marsden NHS Foundation Trust. A beginner’s guide to BRCA1 and BRCA2. [Guia para Iniciante sobre BRCA1 e BRCA2] https://www.royalmarsden.nhs.uk/sites/default/files/files_trust/beginners-guide-to-brca1-and-brca2.PDF – Último acesso: abril de 2021
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Sou portador de uma mutação nos genes BRCA. Qual a probabilidade de desenvolver cancro?
No entanto, convém salientar que o desenvolvimento da doença é fruto de uma complexa interação entre fatores genéticos, ambientais e do próprio indivíduo e, por isso, muitos portadores de mutações patogénicas germinativas nunca terão cancro ao longo da sua vida.(2)
Consulte os fatores de risco para estas patologias: cancro da mama, cancro do ovário, cancro da próstata e cancro do pâncreas.

Referências:
(1) Georgios Lypas, BRCA1/2 associated cancer susceptibility: a clinical overview. Forum of clinical oncology, 2016
(2) Guia as mutações BRCA e o cancro, News Engage, 2019 – Capítulo “Mutação BRCA – O que significa e quais as implicações” da autoria da Dra Gabriela Sousa e Dra Susana Amaral
Como posso reduzir o risco de desenvolver cancro? (medidas preventivas: consultas, maior acompanhamento, cirurgia preventiva, etc.)
No entanto, existem medidas adicionais que podem ser tomadas. Consulte ao lado, para cada tipo de cancro:
Existe a possibilidade de realizar uma cirurgia redutora de risco (mastectomia profilática) que deverá ser discutida com a equipa médica assistente e pesados seriamente os prós e contras desta opção.(1)
A mastectomia reduz o risco de desenvolvimento de cancro da mama para menos de 5% ao longo da vida da mulher, percentagem inferior à verificada na população em geral. A remoção dos ovários antes da menopausa diminui também o risco de desenvolver cancro da mama em até 50%, mesmo nos casos em que existe terapia de reposição hormonal.(2)
Esta opção deve ser mais uma vez discutida com a equipa médica assistente e a paciente estar bem informada das suas consequências (impossibilidade de engravidar, menopausa precoce).(1)
Referências:
(1) Guia as mutações BRCA e o cancro, News Engage, 2019 – Capítulo “Mutação BRCA – O que significa e quais as implicações” da autoria da Dra Gabriela Sousa e Dra Susana Amaral)
(2) The Royal Marsden NHS Foundation Trust. A beginner’s guide to BRCA1 and BRCA2. [Guia para Iniciante sobre BRCA1 e BRCA2] https://www.royalmarsden.nhs.uk/sites/default/files/files_trust/beginners-guide-to-brca1-and-brca2.PDF. Acedido a 04/02/2020
(3) Helen Diller Family Comprehensive Cancer Center. BRCA1 Mutation Positive Guidelines (NCCN, 2018). Disponível em https://brca.ucsf.edu/sites/brca.ucsf.edu/files/BRCA1-guidelines2018.pdf Acedido a 5/02/2020
(4) American Cancer Society – Can Pancreatic Cancer Be Prevented? – Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/pancreatic-cancer/causes-risks-prevention/prevention.html. Acedido a 09/03/2021)
PT-9163 aprovado em maio de 2021
Sou portador de uma mutação nos genes BRCA. Quais os riscos para a minha família?
É recomendado que informe os seus familiares para que eles, caso sejam portadores da mutação, possam ter acesso também a um programa de vigilância precoce de cancro. No entanto a decisão final é sua e o resultado do teste genético é sempre confidencial.(1)
Geralmente faz parte da equipa de profissionais dedicados a estas questões um psicólogo ou psiquiatra que em situações mais difíceis podem ajudar ou fornecer as ferramentas adequadas a facilitar o diálogo com a família. O mais importante é partilhar as suas dificuldades, angústias ou medos com os profissionais que a acompanham! Veja em baixo “Como devo conversar com os meus familiares”.(1)
De notar que não são realizados testes genéticos em crianças, porque o risco de cancro não está aumentado na infância. O teste genético apenas deve ser realizado na idade adulta, após os 18 anos e após aconselhamento genético adequado.(1)
Há possibilidade de evitar a transmissão da mutação à descendência?
Quando há o plano de constituir família, e se o casal assim o desejar, pode recorrer a uma consulta de aconselhamento genético e abordar as várias possibilidades, nomeadamente o diagnóstico genético pré-implantação e o teste pré-natal.(1)
Referência:
(1) Guia as mutações BRCA e o cancro, News Engage, 2019 – Capítulo “Mutação BRCA – O que significa e quais as implicações” da autoria da Dra Gabriela Sousa e Dra Susana Amaral
Como devo conversar com os meus familiares?
Saiba que pode fazê-lo com a ajuda da equipa de aconselhamento genético, que irá ajudar os seus familiares a perceber os riscos envolvidos e referenciá-los para realização de teste genético.(1)
É recomendado que informe os seus familiares para que eles, caso sejam portadores da mutação, possam ter acesso também a um programa de vigilância precoce de cancro. No entanto, a decisão final é sua e o resultado do teste genético é sempre confidencial.(1)
Porque é esta informação importante para as pessoas da minha família?
Na presença de dados que confirmam um risco aumentado de cancro, as pessoas vão poder estar mais vigilantes, fazer alterações nos seus estilos de vida ou até tomar decisões ao nível do planeamento familiar. Podem agir para reduzir esse risco ou ajudar a garantir que o cancro é detetado numa fase inicial, o que permitirá um tratamento mais eficaz.(2)
A identificação de mutações BRCA1/BRCA2 em pessoas sem doença oncológica, pode permitir (2):

Referências:
(1) Guia as mutações BRCA e o cancro, News Engage, 2019 – Capítulo “Mutação BRCA – O que significa e quais as implicações” da autoria da Dra Gabriela Sousa e Dra Susana Amaral
(2) The Royal Marsden NHS Foundation Trust. A beginner’s guide to BRCA1 and BRCA2. [Guia para Iniciante sobre BRCA1 e BRCA2] https://www.royalmarsden.nhs.uk/sites/default/files/files_trust/beginners-guide-to-brca1-and-brca2.PDF. Acedido a 04/02/2020
Benefícios da identificação precoce de portadores
Em mulheres saudáveis portadoras de mutações nos BRCAs as medidas de vigilância são diferentes e iniciam-se em idade mais precoce do que na população em geral. Existem várias opções de vigilância/redução de risco disponíveis, que devem ser equacionadas individualmente e após esclarecimento adequado sobre as suas vantagens, limitações e riscos.(1)
Estas opções incluem: vigilância clínica e imagiológica com mamografia e RM mamária, cirurgias de redução de risco (mastectomia bilateral, ooforossalpingectomia bilateral profiláticas). No caso do cancro do ovário a vigilância clínica e imagiológica não é eficaz na identificação precoce, pelo que a cirurgia de redução de risco é a única medida eficaz recomendada, existindo recomendações sobre a idade a partir da qual deve ser ponderada, que deverão ser discutidas individualmente. Em portadores com doença oncológica, a existência de predisposição hereditária subjacente, pode condicionar decisões cirúrgicas e/ou farmacológicas diferentes das equacionadas no cancro esporádico. Adicionalmente, os portadores em idade fértil poderão beneficiar de aconselhamento específico sobre opções reprodutivas.(1)
Referência:
(1) Guia as mutações BRCA e o cancro, News Engage, 2019 – Capítulo “A predisposição genética” – Da autoria Dra Juliette Dupont
PT-9163 aprovado em maio de 2021